A torre de TV do Sambódromo, que permitia fotos e filmagens
panorâmicas dos ensaios e desfiles, foi demolida. Após acidentes com
alegorias e destaques das escolas de samba, a Liesa anunciou em junho
deste ano que faria o pedido para que a Prefeitura do Rio removesse a
torre do Sambódromo.
Na manhã desta sexta-feira, a torre foi, enfim,
demolida sob a promessa de construção de uma nova passarela provisória
mais alta que permita a continuidade na captura das imagens feitas do
ponto mais alto da Sapucaí, conforme contou o presidente da Liesa, Jorge
Castanheira, ao CARNAVALESCO:
- A nova passarela será construída para o período do carnaval. Com
tempo suficiente, vamos construir uma ponte temporária que pretendemos
montar e desmontar todo ano. Ela será feita de aço, será soldada e
pintada, vai ter um guarda-corpo e a previsão é que tenha entre 11,5m e
12m de altura. O acesso aos profissionais de imprensa se dará através do
esquema de revezamento que já vínhamos fazendo, embora eu acredite que
vão caber mais pessoas. Ela deve estar pronta em janeiro.
Com o Carnaval 2016 ocorrendo no início de fevereiro, a previsão é de
que os ensaios técnicos comecem no mês de dezembro, ainda sem a torre.
Questionado sobre uma possível disparidade entre as escolas que se
concentrarão ao lado dos Correios e as que se concentrarão ao lado do
Balança mas não cai e continuarão tendo a limitação de altura imposta
pelo viaduto, Castanheira apontou a concentração do Balança como
vantajosa e destacou que a demolição favorece todas as escolas durante o
tempo de desfile:
- Não tem jeito, no viaduto é impossível a gente mexer. A escola que
vem pelo Balança tem prejuízo da altura, mas tem um facilitador por
causa da concentração: a estrutura é mais fechada e reservada, os dois
lados da pista são fechadas com grades e isso facilita a concentração da
escola, muitas escolas estão preferindo. Logo após a escola passar com
pelo viaduto, em seu tempo de desfile, ela não precisa ficar com a
preocupação de altura.
'Já vai tarde', diz Cid Carvalho
O Carnavalesco Cid Carvalho enfrentou, em 2013, problemas com a
passagem de uma das alegorias do desfile da Mangueira desenvolvido por
ele pela torre de TV. A escola estourou em 6 minutos o tempo de desfile e
terminou como 8ª colocada do carnaval. Cid conta que, entre outros
obstáculos já enfrentados na concentração e na dispersão, a torre era o
mais desnecessário:
- Já vai tarde. Tive um problema com a Mangueira em 20013, talvez se a
torre não existisse talvez a Mangueira tivesse brigado por uma posição
lá em cima. Quem trabalha no carnaval, já sabe que a gente sofre quando a
gente sai com as escolas do barracão até a concentração. A gente tem
que sair com 5,5m de altura porque temos uma série de obstáculos e
depois do desfile temos que voltar a 5,5m, porque a área de dispersão é
ainda pior. Pra que mais um obstáculo no meio de desfile? Por qual razão
estaria aquela torre no meio do desfile? Se está só pra atrapalhar, pra
que continuar ali? É um projeto do Niemeyer que a gente respeita muito,
assim como o corpo é obra divina, mas tem uma apêndice que a gente
precisa tirar.
Com nova torre, Salgueiro pode aumentar alegorias
O diretor de Carnaval do Salgueiro, Dudu Azevedo, conta que a escola
planejou-se para 2016 tendo como base de altura máxima para as alegorias
a torre antiga. Com a demolição, Dudu não descarta a possibilidade de a
escola levar alegorias mais altas para a Avenida:
- Vou ficar com saudade de algumas fotos marcantes que eu tenho na
minha sala e já vi na imprensa. Sei que vai haver uma nova torre e que
ela vai proporcionar novas grandes fotos. Depois da obra do Sambódromo, a
possibilidade visual abriu muito e os carnavalescos começaram a crescer
a altura dos carros para surpri essa possibilidade. O Renato, aqui no Salgueiro, vinha mantendo o tamanho dos carros e no projeto desse ano
ainda estamos trabalhando com a altura da antiga da torre. Pode ser que
com a nova torre, mais alta, a gente aumente, já que ela proporciona um
trabalho ainda maior dos nossos carnavalescos.
Para Cahê Rodrigues, cresce o espetáculo
Para o Carnavalesco da Imperatriz Leopoldinense, Cahê Rodrigues, o
espetáculo carnavalesco deve crescer com a demolição da torre que era,
ainda segundo ele, uma preocupação para os artistas:
- Eu acho que acaba uma das preocupações, porque as escolas que se
concentram do Balança ainda enfrentam o viaduto que é também uma
preocupação para nós artistas que estamos dependendo de nos limitarmos à
altura das peças. Acho que o término da torre é menos uma preocupação
para o espetáculo, ganha o espetáculo, as alegorias ganham mais altura e
os artistas poderão ousar mais no tamanho. Só podíamos trabalhar até
9,40m no máximo para não ter problemas, uma vez que não existe mais,
consegue-se projetar algo mais surpreendente e com maior impacto visual.
Ganha o espetáculo.
Escolas precisavam se adequar à altura da torre
A torre de TV da Sapucaí modificou a logística do desfile da Imperatriz Leopoldinense em 1989, quando a escola apresentou o enredo
'Liberdade, liberdade, abra as asas sobre nós'. Uma das alegorias da
escola trazia um destaque representando Duque de Caxias em um cavalo a
10m de altura. Para passar pela torre, foi necessário um mecanismo
hidráulico que diminuisse a altura do carro. O mesmo ocorreu nos
desfiles da Portela em 2014 e 2015, com a escultura de um gigante e com o
símbolo maior da escola, a águia redentora.
A Mangueira passou por problemas sérios com a torre em dois anos
consecutivos. Além do desfile já citado de 2013, no ano seguinte a
escola teve problemas com o mecanismo hidráulico de um carro que
continha uma escultura representando um índio. A escultura chocou-se com
a torre de TV e alarmou os componentes da escola e o público presente.
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