Foto: Raphael Perucci
Mais um belo capítulo do livro da
história do G.R.E.S. Portela foi escrito na noite desta quinta-feira
(8), na Câmara Municipal do Rio, na Cinelândia. Convidados para a
apresentação do projeto de lei que cria o Perímetro Cultural de Oswaldo
Cruz, portelenses de várias gerações presenciaram um verdadeiro acerto
de contas entre o poder público e a memória daqueles que ajudaram a
construir a agremiação que mais tem títulos no Carnaval.
Mais do que uma solenidade que
homenageou baluartes e descendentes de grandes nomes da Portela, o
evento no plenário do Palácio Pedro Ernesto serviu para reafirmar a
importância que a cultura do samba tem na vida dos moradores de Oswaldo
Cruz, Madureira e arredores.
Ao propor a recuperação e preservação de
diversos endereços fundamentais para o universo portelense, o projeto
de lei 2069/16, de autoria do vereador Reimont (PT), além de realizar um
antigo sonho do Departamento Cultural da Portela, configura a
importância deste pedaço da Zona Norte para a cultura carioca.
“Este projeto ajuda a fortalecer o
bairro de Oswaldo Cruz. Fico feliz, pois acho que é um desdobramento de
uma luta que começou lá atrás com Paulo da Portela, Silas de Oliveira,
Cartola e muitos outros. O sambista precisa sempre buscar seus direitos.
É uma questão de referência de atitude, de luta. Que bom seria se um
projeto como esse houvesse também na Mangueira. Que bom seria se as ruas
de lá recebessem os nomes de Dona Zica, Dona Neuma e outros”, destacou a
secretária municipal de Cultura, Nilcemar Nogueira, que integrou a mesa
da solenidade.
Presidente do Conselho Deliberativo da
Portela e membro da comissão de Carnaval da agremiação, Fábio Pavão
relembrou como a ideia do projeto surgiu.
“Em 2003, fizemos o primeiro passeio
sentimento por Oswaldo Cruz, passando pelos mais importantes endereços
de portelenses na região. Ali começou tudo isso, com intensa atuação do
nosso Departamento Cultural. Sempre foi o sonho da vida do Rogério
(Rodrigues, diretor cultural da Portela). Oswaldo Cruz tem uma história
ímpar e totalmente ligada ao samba e à Portela. A comunidade precisa
reconhecer e se orgulhar disso”.
Em seu discurso, o presidente Luis Carlos Magalhães também ressaltou a importância do projeto do Perímetro Cultural.
“As escolas têm que encurtar a distância
que há entre a sua história e o desfile da Sapucaí. Não tiro a
importância do desfile, pois todos nós queremos ser campeões do
Carnaval, mas o importante é cuidar da alma da escola. Esse é o papel do
Departamento Cultural. E esse projeto não é por acaso, pois a Portela
vive assim e se orgulha de ter atividades culturais o ano inteiro.
Talvez, agora, esse seja o seu projeto mais importante, por abraçar toda
uma história tão antiga e significativa para a Zona Norte do Rio, para a
cidade e para o Brasil. É um projeto que faz parte de um contexto
cultural que a escola defende”.
Autor da proposta, o vereador Reimont,
que presidiu a sessão ao lado da vereadora Vera Lins (PP), enalteceu a
atuação do Departamento Cultural da Portela e afirmou que o projeto de
lei já está pronto para ser votado pela casa. “Devemos este projeto aos
integrantes do Departamento Cultural que estiveram várias vezes em meu
gabinete para trocar ideias e mostrar a importância de resgatar a
memória dos portelenses. A Portela é uma instituição muito importante
para a cultura da cidade. O projeto, agora, abre uma série de
possibilidades em prol da comunidade da escola e do bairro de Oswaldo
Cruz”, disse.
Muito emocionado, Rogério Rodrigues
lembrou o longo caminho até a ideia ganhar força. “Não sou filho de
baluarte. Briguei para ser Portela. É uma batalha de 15 anos, e a luta é
diária. Inclusão significa afeto e memória. Queremos lembrar daqueles
que já são conhecidos e resgatar os nomes que foram apagados da
história”, revelou.
Presidente de honra da Portela, o
compositor Monarco também integrou a mesa da solenidade, assim como as
pastoras Neide Santana (filha de Chico Santana), Aurea Maria (herdeira
de Manaceia), Jane Carla (filha de Nelson de Andrade) e Tia Surica.
Além de Neide, Aurea e Surica,
familiares de Paulo da Portela, Antônio Caetano, Jair do Cavaquinho,
Dona Esther e Candeia, entre outros, também receberam moções honrosas.
Nilce Fran, coordenadora da ala de passistas, e o baluarte Jerônimo
Patrocínio completaram a lista de homenageados.
No fim da cerimônia, integrantes dos
diversos segmentos da escola e membros das torcidas organizadas puxaram o
samba-enredo de 2017, que deu o 22º título à Portela. O casal de
mestre-sala e porta-bandeira Marlon Lamar e Lucinha Nobre fez uma
pequena apresentação, abrilhantando ainda mais a histórica e emocionante
noite, que só terminou, horas depois, dentro do Espaço Multifoco, na
Lapa, onde foi realizada a terceira edição do projeto Portela na Lapa.
Confira a lista com os endereços contemplados pelo projeto do Perímetro Cultural de Oswaldo Cruz:
I – Estrada do Portela
(antiga Barra Preta), local onde ocorreu fundação do Bloco Carnavalesco
Baianinhas de Oswaldo Cruz; onde situava o terreno do bar do Nozinho; o
armazém de Sérgio Hermógenes Alves e a chácara de Seu Napoleão;
II – Rua Antonio Badajós, local onde residiu Dona Esther no nº 95 e onde situava-se o quintal da Tia Doca no nº 11;
III – Rua Arruda Câmara (atual Rua Clara Nunes), local onde fica a sede da Portela, chamado Portelão, no nº 81;
IV – Rua Carolina Machado, onde viveu e morreu Paulo da Portela no nº 950;
V – Rua Dutra e Melo (atual Rua Manaceia), onde situa-se o quintal do Manaceia no nº 58;
VI – Rua Ernesto Lobão (antiga Rua B), local onde foi fundado o Bloco Carnavalesco “Lá se vai minha Embaixada”;
VII – Rua Fernandes Marinho, local onde residiu o compositor Argemiro, no nº 143;
VIII – Rua Joaquim Teixeira, local de fundação do Bloco Carnavalesco Baianinhas de Osvaldo Cruz no nº 157;
IX – Rua Júlio Fragoso, local onde situa-se o quintal da Tia Surica no nº 25, casa 13;
X – Rua Perdigão Malheiros, local onde situava-se o Caxambu do Vieira no nº 88;
XI – Rua Pirapora, local onde morou Antonio Rufino dos Reis no nº 4;
XII – Rua Taubaté, local onde ficava o Rancho Renascença no nº 42;
XIII – Estações de Dona Clara (atual Praça do Patriarca) e de Oswaldo Cruz (antiga Rio das Pedras).
FONTE: CARNAVAL CARIOCA
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